Os Profissionais para a Separação
- Izabela Fantazia da Silva Rejaili

- 9 de set. de 2019
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de fev. de 2021
Os litígios de família são cada vez mais comuns nos dias de hoje e existem vários fatores que podem ter levado a esse fato. Dentre eles, vale destacar a facilidade de se buscar a dissolução de união estável e o divórcio que, inclusive, podem ser feitos de forma extrajudicial através de cartório de notas, quando ambos os ex-companheiros ou ex-cônjuges estão concordantes com a dissolução / divórcio e partilha de bens, são capazes e não têm filhos menores.
Porém, infelizmente, a forma como a maior parte das dissoluções e divórcios acontecem são conturbadas e acabam no Judiciário, pois os casais, quando resolvem colocar fim na união estável ou no casamento, muitas vezes, se não em regra, já não dialogam mais e, por isso, não conseguem, pelo meio amigável, resolverem-se.
Situação que se agrava, em muito, quando o ex-casal possui filhos menores, pois, além da aceitação da ruptura do vínculo conjugal, amoroso e da partilha dos bens, há a questão do que será feito dos filhos, qual regime de guarda a ser adotado, onde e com quem vão morar, quem pagará o que para as crianças, visitas, como contar para eles, entre outras questões.
Ora, são muitas questões emocionais para lidar e, mesmo sendo pessoas adultas, é bastante complicado encarar os desdobramentos de uma separação, ainda mais quando não há consenso entre as partes.
Muitas vezes a raiva e o ressentimento gerados pelo fim do relacionamento nutrem o desacordo entre as partes. Cada questão a ser resolvida no divórcio ou dissolução passa a ser encarada como uma ofensa pessoal e meio de buscar “vingança” pelas dores do rompimento. Esses sentimentos acabam somados a interferências externas, como palpites de familiares, amigos e até mesmo do advogado contratado que estimula a parte a buscar solução no Judiciário sem antes tentar fazer com que os ex-cônjuges dialoguem.
O fim da conjugalidade não precisa levar o ex-casal ao constrangimento e percalços de uma longa e custosa demanda judicial que, aliás, normalmente satisfaz as partes litigantes, vez que se mantém um vínculo com o ex-companheiro, mas prejudica de modo irreparável os filhos do matrimônio, pois tornam-se moeda de troca e meio de ofensa de um ex-cônjuge para com o outro.
Por isso, recomenda-se que o ex-casal, juntos ou separados, busquem auxílio de um advogado familiarista e um profissional de psicologia, pois são esses profissionais que poderão ajudá-los a se organizar, encarar a transição com todas as mudanças trazidas pelo fim da relação e formalizar a situação de forma menos conturbada.
Nos litígios de família, é importante, num primeiro momento, esclarecer aos ex-cônjuges seus direitos e deveres com o fim da relação, o que um advogado familiarista poderá fazer com mais clareza e tato. Depois tentar resgatar o diálogo entre eles com o auxílio de um profissional de psicologia, com muita cautela e calma, dando tempo ao tempo para as partes amadurecerem a ideia da separação, as mudanças acarretadas por ela, e, aí sim, colocar os ex-cônjuges frente a frente para conversarem e tentarem chegar a um acordo por si mesmos.
Claro que existem situações em que as partes não vão conseguir chegar a um consenso de pronto, mas, com paciência e a ajuda de profissionais especializados, é possível fazer com que se resolvam por si só e não precisem buscar o Judiciário munidos de ódio, visando, na verdade, a atrapalhar a vida do outro e acabando com uma decisão judicial que não vai resolver, de fato, o conflito, muito menos satisfazê-las. Ao contrário, vai estimular ainda mais litígios, processos, brigas, etc.
Os advogados familiaristas e psicólogos estão acostumados a lidar com as questões que envolvem os litígios de família e auxiliarão, de forma mais assertiva, as partes a se resolverem.
Vale salientar que os litígios que envolvem crianças merecem atenção e cuidado redobrados, tanto dos litigantes quanto dos profissionais que os auxiliarão, pois, quanto mais demorada, mais mal resolvidas ficam as questões entre os cônjuges, como, por exemplo, fixação de guarda e visitas, alimentos, partilha, e mais afetados ficam os filhos. Por isso, não se pode estimular as partes a litigar (processar).
A bem da verdade, os ex-cônjuges precisam ter a consciência de que a conjugalidade acaba e cada um deles seguirá sua vida de forma individual, porém a prole em comum será para sempre responsabilidade de ambos e, se as partes não dialogarem e não se resolverem, teremos litígios também para sempre.
Por isso, é necessária a ajuda de profissionais especializados, pois o mais importante é a consciência dos ex-cônjuges e a resolução dos conflitos por eles mesmos, porque só assim as questões ficam melhor resolvidas e mais estáveis.


